sábado, 23 de junho de 2012

Festival do Fado em Madrid 2012 - Dia 2


Foi nos fadistas e sobretudo no fado de Lisboa que a Escola Superior de
Turismo e Hotelaria de Seia foi buscar a inspiração para a ementa do 2.º
dia do Festival do Fado que decorre nos Teatros Del Canal, em Madrid. O
trabalho de pesquisa foi elaborado pelos dois chefs da escola – Diogo
Rocha e João Ramalho. No final, sobressaíram quatro fadistas
representativos de quatro gerações diferentes e com características muito
próprias.

Começamos com Mariza, que é como quem diz com uma entrada que
reúne os sabores das suas origens. É a “Diva do mundo e do fado
contemporâneo” e por isso, decidiram fazer uma mistura dos aromas e
sabores exóticos de além-mar, explicam os dois chefs. O resultado foi uma
chamuça de enchidos tradicionais, ananás dos Açores, creme de côco e
emulsão de salsa.

Para prato de peixe escolheram o rei – o bacalhau e baptizaram o prato
com o nome de Amália Rodrigues, “o expoente máximo do fado, sabor e
saber fiel do fado”, sublinha Diogo Rocha. O lombo de bacalhau confitado
foi acompanhado de creme de espargos, tomate seco e coentros.

Para o prato de carne escolheram uma terrina de porco bísaro, migas
soltas e alecrim, a que deram o nome de Fernando Maurício. O objectivo
foi “transmitir os paladares da taberna portuguesa”.

Para a sobremesa, a escolha recaiu no queijo da Serra com o qual fizeram
um pudim, a que deram o nome de Ana Moura, jovem talento do fado
português, “uma simbiose perfeita dos sabores“.

A Escola Superior de Turismo e Hotelaria de Seia aceitou prontamente o
desafio lançado para participar na componente gastronómica do festival
porque “nunca dizemos que não a um desafio”, até porque entendem que
todos têm a obrigação de fazer mais pela gastronomia portuguesa. “Não
somos jogadores da selecção, somos um bocadinho mais”, afirma João
Ramalho.

Os dois chefs trouxeram consigo 18 alunos, o professor do curso de
restaurante e bar, Nélson Soares e o subdirector da escola. De acordo com
António Melo faz parte da política do estabelecimento de ensino a
participação em eventos internacionais, desde logo em feiras de turismo
europeias. Para além disso, possuem também parcerias internacionais de
ensino superior, entre as quais a República Checa, Turquia e Lituânia.

De fado, falou-se também ao final da tarde. Durante cerca de uma hora,
José Pracana comentou o fado. O orador recordou alguns dos nomes mais
sonantes da canção portuguesa – fadistas, guitarristas e poetas e recordou
“autênticas maravilhas” da poesia popular rica em jogos de palavras. Na
sala 5 dos Teatros del Canal falou-se, cantou-se e aplaudiu-se o fado.

Pela primeira vez a actuar na capital espanhola, Ana Moura teve direito a
lotação esgotada. Destacou-se pela simpatia e pela simplicidade com que
encarou o palco e pela interacção constante com o público. E se dúvidas
existissem quanto às suas qualidades vocais, quando cantou sem
microfone, tal como acontece nas autênticas casas de fado, o público ficou
completamente rendido. A jovem promessa do fado encantou de tal
forma os espanhóis, já rendidos a nomes como Mariza e mais
recentemente Carminho, que não hesitaram em aplaudir de pé, no final
do concerto.

O festival do fado entrou hoje no seu terceiro dia. Ao palco sobe, mais
logo, Ricardo Ribeiro. Durante o dia há festival de gastronomia, sob a
responsabilidade da Escola Profissional de Hotelaria de Manteigas.





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